Amorizade

Amor + Amizade – Termo de Luandino Vieira

ciganita 11/05/2005

Filed under: jacky — jacky @ 11:50 pm

ciganita.jpg

Andava eu à procura dumas fotos da gata Puxa, quando dei de caras com estas. Fiquei logo saudosista! Das coisas que recordo mais da minha meninice, eram as férias e apreciava especialmente vir a Portugal.
Lembro-me perfeitamente que adorava esta roupa, porque o tecido era fresco e as cores eram alegres como o próprio Verão. Parecia uma ciganita. Sempre me fascinaram os ciganos, não sei bem por que razão…
O meu pai sempre gostou da praia da circunvalação. Na altura, não havia o mamarracho no Castelo do Queijo, mas havia o barco encalhado! (Consegues vê-lo aqui na fotografia?) Faziam-se fotografias fantásticas com o barco em pano de fundo. Sonhavam-se com tesouros perdidos no mar e imaginavam-se seres que andariam lá por dentro.
Há já uns anos, que o barco não está lá e, por incrível que pareça, faz-me falta. Há um certo vazio naquela praia porque o encalhado ainda mora nas minhas férias de criança…

Alguém se lembra deste barco no Castelo do Queijo?

 

quadra fernandina

Filed under: experiências da jacky — jacky @ 11:16 pm

(tentativa de análise, depois dum comentário neste post)

Quando me mostras o trema
enfraqueces-me o ditongo,
mas aumentas-me o fonema
e dou-te um vocábulo longo.

Nesta quadra fernandina, o sujeito da enunciação – o eu da 1ª pessoa do singular – dirige-se a um tu com uma certa intimidade fonética por causa da 2ª pessoa do singular. Estabelece-se uma relação de força entre um tu, que retira força a uma vogal ou semivogal, pois deixa de ser assinalada, devido à anulação do trema, que agora só se usa no português variante Brasil.
O eu poético não se pode defender pois fica com o ditongo enfraquecido, passando a ser uma sequência ininterrupta de dois fonemas vogal ou semivogal.
Em consequência, o sujeito poético enfatiza o fonema, já que passa a ser diferenciador da própria palavra e o vocábulo, representação formal e sonora, alonga. À falta de trema, aglutinam-se as vogais…

Agora a sério!
Esta quadra revela uma enorme fixação por mamas tremelicantes recheada de ansiedade (a fixação, não as mamas) e o que se pretende é passar à acção com gemidos e outras coisas anatomicamente longas. Na verdade, só pensas é nisso, Fernando! ;D

 

Puxa, a gata

Filed under: animais — jacky @ 4:37 pm

Tema sugerido pelo Ricardo


(Texto dentro de momentos)

Seis horas depois, às 23h31…

Tive uma gata que se chamava Puxa. Veio para nossa casa no Natal. Tinha ido com o meu pai à loja dos animais comprar comida para o canário e para os peixes. Andava por lá uma gatita preta bem meiguinha. O dono da loja bem viu que fiquei encantada com ela e propôs ao meu pai se podíamos ficar com ela só durante o Natal porque assim escusava de vir de propósito à loja para lhe dar de comer.
É óbvio que a gata nunca voltou. Tanto eu como o meu pai, adoramos animais e não resistimos à doçura da gatita.
A Puxa era toda preta e nunca nos deu má sorte. Pelo contrário, divertia-nos imenso com as corridas que dava pela casa, saltos e brincadeiras pegadas. Também tinha a mania de se enfiar nos sítios mais doidos para dormir, desde dentro do guarda-vestidos até dentro da minha cama. Quando passávamos perto da cama, costumava estar lá escondida debaixo e saltava-nos alegremente às pernas.
A Puxa era a minha companheira de brincadeiras, mas adorar mesmo, adorava o meu pai. Entravam centenas de pessoas no prédio onde morávamos por causa duns escritórios, mas mal o meu pai dava uns passos, ela ia logo para a porta de casa para o aguardar e nós já sabíamos que ele estava a chegar. A gata gostava tanto dele que, quando viemos morar para o Porto, eu-gata-mãe, e o meu pai ficou em Paris, ela acabou por morrer de saudades dele. Sempre que chegava uma carta do meu pai, ela vinha a correr, esfregava-se nela e ronronava.
Gosto muito de gatos, do seu espírito simultaneamente mimado e independente, doce e selvagem, ronronante e desafiador. Tenho muitas saudades de ter um gato, muitas saudades da Puxa! Agora tenho um cibercão talvez um dia ganhe a companhia dum cibergato…

 

despedida

Filed under: contos da jacky — jacky @ 12:08 pm


Roman Loranc

Ele era frio e desligado, pelo menos, era o que parecia. Dizia dele mesmo que não gostava de se prender. Todos os seus dias acordavam melancólicos e, assim permaneciam, mesmo quando o nevoeiro se dissipava.
Seguia o seu caminho, olhar no horizonte. Raramente, olhava para trás. Por vezes, arranjava companhia e ficava feliz, mesmo se nunca o demonstrava. Algumas pessoas persistiam em acompanhá-lo, puxando-o para outras direcções, adversas ao horizonte. Poucas pessoas, que gostavam dele como ele era, caminhavam ao seu lado, fazendo-o reparar nas flores perdidas do caminho.
Quando o cruzamento trazia a separação, partia bruscamente porque assim tinha de ser. Como poderia ele quebrar a continuidade com rupturas e interrupções? Afastamento era ferida. Certos nós que o ligavam a afectos não podiam ser desatados. A não despedida era apenas uma forma de nunca ter de esticar a corda e de não perder o nó…

 

?

Filed under: jacky — jacky @ 8:16 am

Do que é que hei-de falar hoje? Dás-me uma ideia*?

* Uma coisa com juízo, porque, apesar de me terem sido extraídos os dentes do siso, ainda os tenho dentro de um frasco no armário! 😀