Tenho andado tão cheinha de pena de algumas pessoas. Se as ouvirmos bem, estão sempre a dizer que a vida está cara, que não se pode viver em Portugal com esta crise e que mais valia emigrar, que vivem mal e com dificuldades e que não sabem mais o que hão-de fazer… Telefonam das empresas para não gastarem do seu e outras poupanças do género. Se lhes prestarmos bem atenção, os seus ares infelizes aliados a longos suspiros, ficamos com uma certa compaixão e às vezes, até tentamos ajudar essas pessoas, da melhor forma possível.
E depois…
Começamos então a conviver mais com elas e damo-nos conta que:
- vão ao cabeleireiro todas as semanas (ao fim de um ano a uma média de 10€ em 50 semanas, dá 1000€) enquanto que nós só vamos de 3 em 3 meses;
- têm sempre roupa nova enquanto nós andamos a reciclar a própria roupa há vários anos;
- têm sempre acessórios novos na roupa (colares, broches, cintos, malas etc) e nós temos o mesmo cinto há séculos e as mesmas malas há décadas);
- vão almoçar e/ou jantar fora todos os fins de semana enquanto nós comemos massa com molho de tomate;
- vão de férias dentro ou fora do país e nós também não;
- dão prendas espectaculares a amigos e familiares e nós fazemos de conta que nos esquecemos ou então tentamos fazer prendas homemade;
- têm descontos por isto e por aquilo, têm os filhos em creches do estado com grandes descontos, alguns já reformados até têm benefícios na saúde e fiscais por terem baixas reformas e depois vem-se a saber que têm várias casas alugadas ao negro, claro) e nós vemo-nos à rasca para pagar a nossa todos os meses;
- usam perfumes caríssimos enquanto que nós usamos sabonetes baratos para tomar banho;
- é difícil dar-lhes qualquer coisa porque quando se vai lá a casa têm tudo e nós andamos a poupar meses para comprar algo que seja;
e poderia continuar com exemplos destes indefinidamente e de certeza que teriam muitos mais casos destes para acrescentar aqui mas nem vale a pena. Infelizmente, a maioria das pessoas que realmente precisa de ajuda não se está sempre a lamentar, limita-se a viver escondida, passando fome, frio e outras necessidades do género, e ninguém sabe, porque escondem a vergonha de passar mal, a humilhação de terem de pedir ajuda e de reconhecerem que falharam nos seus empregos, nos seus sonhos de futuro, nas aspirações que nutriam para os filhos e não conseguiram. É destas pessoas que devemos ter compaixão e para isso, temos de começar a observar melhor as pessoas que nos rodeiam para descobrir os verdadeiros necessitados e ignorar os eternos queixosos…
Ha fome em Portugal!…
Dizia o bispo de Setubal, ha alguns anos atras….
Mas as pessoas so olham para o proprio umbigo. Espero que esteja cheio de cotao!!
Bem, adoro o teu sentido de humor 😆
É a triste realidade de quem não sabe o que é realmente viver com dificuldades, do que é lutar para “sobreviver”, de quem nunca passou dificuldades reais, de quem não dá valor ao bem que tem…
…verdade verdadinha sim sr…. Gostei
De facto a lista podia continuar (e ficar mais apurada), desigualdades sociais são um mal necessário de uma organização social que é fundamentada pela Democracia, capitalismo e economia liberal, e ainda bem que assim é, promover o individualismo em detrimento de colectivismo (leia-se comunismo) social.
Não obstante, é uma realidade que choca apenas quem está no lado esquerdo do espectro politico-social.
Apenas uma nota para salientar que a conta anual do cabeleireiro daria 500 e não 1000, no entanto a conta média de uma ida ao cabeleireiro é 30 euros e não apenas 10…
Bjs
F