Ele vivia sozinho há uns meses. Não lhe faltavam candidatas para preencher o lugar vazio da sua cama de casal. De vez em quando, lá saía com uma. O problema era quando elas se atiravam descaradamente e queriam fazer dele embrulho em lençóis. Não que ele fosse frio, pelo contrário, adorava sexo. Só que não era capaz…
Tinha dado tudo àquela mulher, como na canção do Paulo Gonzo: não só os anéis mas também os dedos, que ela não tinha devolvido. As suas mãos ainda percorriam o corpo dela em pensamento, todas as noites, quando ficava horas e horas sem dormir. Tinha-se dado totalmente a ela, tinha querido fundir-se nela, mas ela já não o queria. Ou talvez quisesse?
Às vezes, ela mostrava sinais de querer uma reconciliação e ele ficava esfusiante. Era agora que tudo ia voltar à normalidade. Porém, sem bem saber porquê, voltava a frieza. Ele não se dava conta que era apenas ele que alimentava a chama da idolatria por ela. Ela apenas correspondia em dias que se sentia mais carente e em que a obsessão dele a fazia sentir-se desejada. Ela não estava a ser correcta e sabia-o. Talvez tivesse pena dele. Talvez o fizesse em memória dos dias felizes, mas não o amava mais.
Ele queria dar tudo em troca de nada. Sofria por amor, preso a um sentimento desprezado. Não era masoquismo, era apenas protecção. Afinal, era mais fácil viver no passado, preso a um amor idealizado do que dar a aoportunidade a uma outra mulher. Podia apenas querer usá-lo, poderia apenas querê-lo para depois abandoná-lo de novo. Para quê dar hipótese àquela mulher doce que o atraía muito? O medo de não ser amado era demasiado grande…
Jacky (21.10.2005)
Nem sempre a decisão racional consegue vencer as emoções e sentimentos tantas vezes contraditórios…
Não há regras… há viver e aprender (se possível)! E procurar o equilibrio que permita manter a mente sã e o corpo (também ele obviamente) são. Seja lá de que forma for, racional ou não, normal ou não…
Certamente que essa história poderia ser real, muitas pessoas passam por isso, ou já passaram em dado momento da vida.
Beijinhos, Jacjky
A 1ª reacção ao ler é escrever: ah, ele deve é esquecer e ir em frente, mas sabemos que não é assim.
O medo e as mágoas de uma relação que acabou mal ficam e deixam marcas que custam muito a sarar.
E mesmo sarando fica a cicatriz…
Jacky,
Pior que ser não correspondido é ser traido …!
Gostei do texto … Original …!
Um BOM FDS!
Bjks da Matilde e Cª!
A parte do Paulo Gonzo deixou-me assim a modos que assustado.
Sei lá porquê…
Jacky,
senti-me satisfeito e triste ao ler este teu texto.
Satisfeito porque me senti totalmente identificado com o rapaz do texto (até fui ver a data para ver se era alguém que estava realmente a escrever sobre mim). E por me sentir identificado senti-me mais acompanhado, mais ‘normal’, menos aberrante.
Triste porque tive pena do rapaz do texto…
Bjs
Acho que somente os mais sortudos poderão não se identificar com este rapaz, no seu todo ou apenas em alguns aspectos.
No entanto, será que vale a pena abdicar de viver ou de amar, em prol de um medo aterrador de se poder ser magoado novamente?
Sinceramente não sei, ainda ando à procura de resposta.